JOSÉ FERREIRA NETO

"Eu fui boleiro, não atleta!"

Com a sinceridade que marca hoje sua carreira como comentarista da TV Bandeirantes, Neto definiu bem seus tempos de jogador. E tomara que o Walter, do Goiás, leia este post! Eh!Eh!

Eu vi Rivelino, Nelinho, Zico, Roberto Dinamite, Ailton Lira, Dicá, Éder, Edinho, Marcelinho Carioca, Roberto Carlos e Ronaldinho Gaúcho baterem faltas. Todos gênios de arte na bola parada! Entretanto, também vi Neto que protagonizou o mais impressionante gol de falta de que me recordo: contra o Flamengo, pelo Brasileiro de 1991, no Ex-Maracanã! Veja aí:

Também fez dois gols espetaculares de "bicicleta"! O mais curioso é que um deles foi pelo Guarani, na final do Paulistão de 88, contra o Corinthians. E o outro, desta vez pelo Corinthians, contra o mesmo Guarani, em 92. Incrível! Estava quite com a Fiel! E ainda foi expulso porque tirou a camisa...
Só clicar e ver os gols:

Foi o grande responsável pelo primeiro título brasileiro do Corinthians em 1990. Com um time sofrível, Neto o conduziu praticamente sozinho, coadjuvado por um iluminado goleiro, Ronaldo, um meio campista polivalente, Wilson Mano, um atacante rápido e habilidoso, Fabinho, e o talismã Tupãzinho, autor do gol do título na final contra o São Paulo. Os demais eram apenas esforçados e fracos tecnicamente. E pensar que o Paulo Sérgio foi campeão do mundo em 94... O fato é que nesta campanha, Neto fez gol em quase todos os jogos, inclusive de cabeça (na semifinal contra o Atlético-MG) e de perna direita que só lhe servia para completar o passo.

Mas por que Neto é um renegado? Talvez porque tenha iniciado sua carreira como profissional em 1984, com 18 anos no Guarani e depois tenha passado por nada mais, nada menos que 15 clubes, sem se firmar em nenhum deles, exceto no Corinthians, onde jogou de 1989 a 93 e depois em 96 e 97, já fora de ritmo. Talvez tenha sido por conta de suas eternas brigas com a balança que originaram contusões sérias nos joelhos e nas panturrilhas que lhe impuseram uma aposentadoria precoce, aos 33 anos. Pode ser devido à injustificável cusparada que proferiu no rosto do árbitro José Aparecido de Oliveira , em jogo contra o Palmeiras em 1991, que lhe valeu suspensão de 4 meses. Ou ainda, por ter reclamado, a quem quisesse ouvir, de toda a sua revolta por não ter sido convocado por Lazaroni para a Copa América em 89 e para a Copa de 90, no auge de sua forma. Ou tudo isso junto.

E sua história na seleção brasileira não foi vitoriosa. Surgiu no torneio de futebol dos Jogos Pan-Americanos de 1983, em Caracas, Venezuela. Fez dois gols sensacionais de falta, mas o Brasil ficou com a medalha de prata. Disputou as Olimpíadas de Seul, Coreia do Sul, em 1988, voltando novamente com outra prata. Não era titular. Além disso, esse time revelou Romário e Taffarel! Voltaria à seleção, agora com status de capitão e de estrela maior, com Falcão, em 1991, para a Copa América, no Chile. Naufragaram juntos. Falcão foi demitido e Neto nunca mais seria convocado mas ainda deu tempo de fazer gol de falta no jogo de comemoração dos 50 anos de Pelé, em 1990, contra uma seleção do mundo, em Milão, Itália. Nem assim deu sorte. O Brasil perdeu por 2x1.

Depois de duas cirurgias de redução de estômago, Neto bate ponto no programa diário (seg a sex) "Os Donos da Bola" pela Band São Paulo, na hora do almoço, e o "Baita Amigos" (paródia do Galvão), na Band News, nas noites de segunda, mesmo dia e horário do "Bem Amigos", além de ter um blog no site de esportes da UOL.

Fico torcendo pro Walter emagrecer...

Fotos do Neto!

Guarani 85: Waldir Peres, Nei, Wilson Gotardo, (?), Giba e Julio César. Neto, Barbieri, Edmar, Evair e Gerson Sodré.

Palmeiras 89: Dario Pereyra, Toninho, Dorival Júnior, Edson, Veloso e Abelardo. Mauricinho, Gerson Caçapa, Gaúcho, Edu e Neto.

Corinthians 90: Giba, Jacenir, Marcelo Dijan, Guinei, Marcio e Ronaldo. Fabinho, Wilson Mano, Tupãzinho, Neto e Mauro (P.Sérgio não jogou a final).

Brasil na Copa América 1991: Mazinho, Marcio, Wilson Gotardo, Ricardo Rocha, Branco e Taffarel. Mauro Silva, Renato, Raí, Neto e João Paulo.