segunda-feira, 20 de maio de 2013

POR QUE TÊ-LOS? POR QUE NÃO TÊ-LOS? PARTE 1

Charles Miller e Oscar Cox foram os pioneiros. Trouxeram o futebol para o Brasil. Mesmo que o primeiro clube de nosso país tenha sido fundado no Rio Grande do Sul (veja o 2o. post deste blog em http://futblogdosamigos.blogspot.com.br/2010/07/dia-nacional-do-futebol.html ), foi, respectivamente, em São Paulo e no Rio que o novo esporte alçou voos maiores.

O Brasil é um país grande. Enorme. E até o final da década de 50, sua economia era agro-exportadora, não industrializada, infraestrutura precária ao extremo, com meios de comunicação incipientes e rede de transportes ínfima. Subdesenvolvimento.

Campeonato nacional de futebol? Impossível. Algumas esporádicas partidas amistosas entre clubes de Rio e São Paulo. E olhe lá! Deslocamento caríssimo. Pra ver quem era o melhor... só mesmo localmente. Estavam criados os campeonatos municipais. Em alguns estados, torneios mais abrangentes, em todo o seu território. Exceções. Era necessário, então, haver alguém para organizar as partidas.

Se o Brasil era, e ainda é, dividido em unidades de federação, cada uma delas passou a ter um órgão privado para cuidar de futebol. Independentes entre si, com autonomia para decidir o que fazer. Amadores por origem, profissionais por evolução nos anos 30, depois de muita briga e disse-me-disse. As federações (ou ligas) estaduais de futebol estavam criadas.

Nas origens do desenvolvimento sócio-econômico do Brasil, a organização do futebol brasileiro foi descentralizada. Tinha que ser. Mesmo com a seleção brasileira tendo feito seu 1o. jogo em 1904, somente existia "organizada" pela Confederação Brasileira de Desportos, a CBD, que só foi extinta em 1979!! Assim, o futebol era, por conceito, somente mais um dos esportes do Brasil e convocar jogadores para a seleção até 1934 (com o fim do amadorismo) era das tarefas mais inglórias. Bairrismos, fofocas, lobbies e muita confusão. Nossos fiascos nas Copas de 30 e 34 explicam bem isso.

Assim, o futebol brasileiro crescia e conquistava cada vez mais adeptos, sem que os torcedores do Rio tivessem muita noção do que acontecia no futebol de Minas Gerais, ou o que os paulistas soubessem do Rio Grande Sul ou dos "longínquos" Pernambuco e Bahia. O atraso do país também era estampado no seu novo esporte mais popular.

Nenhum país do mundo... vou repetir, nenhum país do mundo desenvolveu o futebol desta forma, neste mesmo período. A Argentina, de grande dimensão territorial, não seguiu este modelo. Como país, se desenvolveu bem antes de nós, com industrialização de capital britânico e educação para todos. Apenas durante 1967 e 1984, houve um campeonato metropolitano, apenas com times da província de Buenos Aires. O campeonato nacional sempre existiu. E, portanto, nenhum país do mundo possui campeonatos estaduais (ou algo parecido) de futebol atualmente.

Para os dias de hoje, os estaduais podem parecer ultrapassados. E são. Devem ser repensados. Não sou contra sua extinção. É o papo para o próximo post.

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